segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Agora sim, concordo que é quase "SERTANOJO"

Antes de tudo, explico que sempre apreciei a boa música, seja ela sertaneja, funk (oras, até Roberto Carlos já gravou uns funks) ou MPB. Apesar que neste meio - funk e sertaneja, é raro garimpar algo que preste. “(...)eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada(...)”, já cantava o Engenheiros do Hawai, na música TODA FORMA DE PODER. Eu me perguntava para onde tinha ido a péssima “música”, a criticada axe-music, de artistas como “É o Tchan”, “Companhia do Pagode”, etc, , que falava de “peitinho, bundinha, requebra, mexe”. E descobri: apenas mudou de endereço (ritmo), virou a tal música de bailão sertanejo, atual...se não todas, pelo menos as que estão nas principais paradas de sucessos. Pois é...eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada! É o que sinto ao ouvir esta péssima música sertaneja, da atualidade. Esta sim, SERTANOJO, agora eu concordo, plenamente (sempre achei o apelido meio radical, forte demais para este tipo de música, que alguns dão). E por que concordo? Porque subjulga a mulher, a desvaloriza, a trata como mérito objeto sexual. Não sou moralista, sou até meio mulherengo, mas respeito o ventre de onde saí, não gosto de faltar ao respeito nem mesmo com uma prostituta. E vejamos o que esta música aí atual fala, onde a piriguete é exaltada, onde o sexo fácil é homenageado, alçando o primeiro lugar nas paradas (por isso temos que nos preocupar!) - basicamente simula o coito sexual, o movimento sexual, nada mais, fala de um ricardão, um sarro, uma aventura - eis alguns trechos das "sertanejas" estouradas no momento: 1)Carinha de santa, cê não me engana não..Se eu beijo hã, se eu te pego hã,hã,hã... 2)Pra trás e pra frente, no vuco-vuco com você... 3)Eu sei fazer um lelelê, se eu te pegar você vai ver... 4)Vamos pro meu quarto, lá tem um colchonete! 5)Gatinha assanhada, cê tá querendo o quê? 6)Se você me olhar vou querer te pegar E depois namorar, curtição Que hoje vai rolar Tche Tche re... 7) Eu no meu chevette, com as piriguetes! METAFORICAMENTE: se até pouco tempo atrás, as músicas soavam como um cavalheiro que beijava a mão de uma dama, ou lhe fazia versos de amor, esta música dita “sertaneja” atual, é como se o homem pegasse a mulher no colo e dissesse: “senta aqui, safada, vem fazer um lelelê”. Eu apenas lamento muito, que a mulher, a principal vítima desta música, lote tais shows, ensaiem coros e esvaziem as bilheterias de casas noturnas – o pior cego é o que não quer ver! Interessante, que todos acham divertido, gostam do ritmo (e eu não nego, que mesmo eu, me pego cantando uma coisa ou outra, apesar de não ser fã de sertanejo),e não notam esta lavagem cerebral! Não sou radical, não, tem coisa legal que dá pra ouvir, divertida, onde não há tanto vulgaridade, como as músicas de Michel Telló, e ainda há músicas de qualidade, de letra bem feita, como as de Vitor e Léo (apesar destes terem dito que fazem “folk”, que é um misto de ritmos, e que não são cantores sertanejos). Pior: quando não se tem futuro, conteúdo, se direciona a atenção para a matéria! Assim como os homens da caverna se comunicavam por sons gulturais, grunhidos, a música brasileira está caminhando também para isto, sendo meia dúzia de onomatopéias, as atuais: “hã...vuco-vuco...tchu-cha...lelelê...ai-ai-ai...”, ou seja, este Brasil nosso está INVOLUINDO! Agora, você imagina sua filha de 15 anos, num baile, numa festa destas? Um gole a mais, a menos, rola uma música “no quarto tem um colchonete” ou “pra frente e pra trás no vuco-vuco com você”, e aí é moda, tudo é festa, e o sexo precoce, coisa seríssima vira banalização e, pior, complicação! Para quem criticava Zeze Di Camargo, Leandro, Xitãozinho e Xororó, Mato Grosso e Matias, Rio Negro e Solimões, pelo menos a música destes pode falar de dor de cotovelo, histórias de amor, cartas, traições, mas sempre coloca a mulher num pedestal de admiração. Outras músicas, como exemplo “Marina” (Marina, morena marina, você se pintou...), “Garota de Ipanema” (Olha que coisa, mais linda, mais cheia de graça), “India” (India, seus cabelos, nos ombros caídos), e para não dizerem que sou saudosista, a estourada “Sonho de Amor”, de Zeze Di Camargo (Quando os dedos Universo todo estremeceu E as estrelas rodando Em carrosel Testemunhas do amor Eu e Você)... Pessoal, acorda, deixem de ser “Foie Gras” (ou seja, aquele patê que é feito, pelo processo de alimentação forçada de gansos ou patos, com cânulas longas enfiados em seus bicos, para que engordem o fígado, morram, e produzam o patê tão apreciado pelos humanos) culturais, lutem pelo futuro musical de seus filhos! Sinceridade? Se eu tivesse uma filha de 15 anos, talvez a liberasse para curtir uma MPB, um rock, um chorinho, show de samba, mas para ouvir esta porcaria aí deste “paradão sertanejo”, com estas letras que tratam a mulher como objeto sexual, das duplas “sertanejas”, que despontam no momento, não deixaria, não! Finalmente, para quem acha que o exemplo não tem nada a ver, cito 3: numa entrevista, Hebe Camargo dizendo que se apaixonou por violino, porque ao acordar, ouvia toda manhã seu pai tocando (imagine seu pai dançando funk, toda manhã?); um garoto de 3 anos, indo a um conserto clássico com seu pai, disse que queria ser violinista,e e entrou para a mesma orquestra, que tinha presenciado o show; na Coreia, no programa “IDOLOS”, um garoto de 16 anos, morador de rua, disse que vendendo coisas próximo a uma casa noturna, ouviu a ópera pela primeira vez e se apaixonou, e venceu lá o programa dos jovens talentos...