quarta-feira, 22 de abril de 2009

EU SOU BRASILEIRO (mas nada de "com muito orgulho, com muito amor"!)

Entreouvido no restaurante, entre 2 servidores, há pouco:Um contava sobre o respeito, a burocracia da França, como as coisas são certas, como se obedece a tudo, citando um caso de um veículo que comprou lá, e se não fosse a boa fé dos herdeiros do falecido que vendeu o carro, o cara tinha perdido o dinheiro dele. Aí discorreu em falar que seu pai, carioca, não parava em sinal, só diminuía nos pardais, aquela bonança toda,peculiar aos cariocas. Pois bem, morando 2 anos na França, aprendeu a conviver e a viver bem certinho, como todos.Por fim,as considerações, que achei mais importante do que relatava o caso: "meu avô (o avô dele) dizia que as coisas certas são mais difíceis de se fazer, mas são sempre as que se deve fazer".

Se todos respeitam um sistema, uma lei, aquele que a cumpre fielmente, se sente ainda mais confortável, por todos a cumprirem. Ao passo que em um meio onde reina puro egoísmo e malandragem, até o honesto acaba se corrompendo, dizendo "se todos fazem assim, porque só eu vou pagar o pato"? É verdade, a ilustrar isto que eles falaram, me lembro da 2. série do ensino médio..havia uma professora péssima, de Psicologia e Ética. Em sua prova, colavam 95% dos alunos. Ela ficava - acreditem - a mexer nas unhas, com uma espátula, olhando para baixo, fingindo que nada via. Eu,que nunca fui muito de colar (no máximo uma frase ou fórmula na mão ou num pedacinho de papel), acabei também por colar nas provas dela, porque o sistema viciou tanto, que o aluno que não colasse, passava por bobo ou "mané".

É isto, do que mais me ressinto no Brasil...não que eu seja certinho, cumpra fielmente a lei...mas acho que este País, nem no ano 2.100 será um país como a França, o jeitinho, o "deixa pra lá", o "há jeito para tudo" sempre vai sombrear nossas vidas. Um dever colide com um direito: "Puxa, eu tenho que parar no sinal vermelho, mas se parar de madrugada, meu direito à vida fica podado, alguém me assalta ou sequestra!", "Puxa, eu devia pagar meu imposto corretamente, mas todo mundo dá uma sonegadinha e o governo, que moral tem, corrupto como é, para eu ser 100% honesto com ele?" Enfim...é a velha questão: "Não importa o que os outros façam, faça sua parte! Uma fruta podre pode levar o cesto inteiro à perdição. As más companhias inflienciam você negativamente". É ´por isso, que como sempre digo, que ninguém vai me ouvir dizer "Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor". Sou brasileiro. Ponto final. É por isso também, que quando alguém me indaga o "sonho de consumo" de profissão, digo que um Tribunal, se alguém falar "mas a Câmara ou Senado pagam mais!", a mim não importa, como alguém disse, séculos atrás "À mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer honesta". Se estivesse em férias pelo nordeste, ou no Festival de Gramado/RS, se me perguntassem "você trabalha onde", seria com certo constrangimento que diria Câmara ou Senado. Mas seria com relativo orgulho que diria Tribunal de Justiça. Aliás, já basta falar que é de Brasília - dia destes, um canal de TV, em seu jornal de horário nobre, comentando um destes desmazelos, o jornalista mandou esta: "Como já dizia o dramaturgo Nelson Rodrigues "Em Brasília, não há inocentes, somente cúmplices" - enfim, é triste a imagem que toda imprensa televisada faz acerca de Brasília, quase uma ofensa à dignidade humana.Mas, enfim, vive-se com o que se tem...ou sabendo aproveitar os limões, faz-se uma suculenta limonada (no caso "os limões" do Brasil, seria ser um povo pacífico, hospitaleiro, de bom coração, solidário como nenhum outro, esperançoso, animado e amoroso - pena que também esta verve se estenda a coisas que deveriam ser sérias,como lei, política, governo).

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