quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Em tuas piadas, me solidarizo com tua DOR (by Vlad Araujo)

Ainda na déca de 90, eu vi um filme, se não me engano, "O PRINCIPE DAS MARÉS", onde Robert Redford contracenava com Barba Streisand, que fazia papel de uma psicóloga, que acaba por descobrir - e até curar - uma grande dor neste personagem, que sempre evitava conversas sérias e se saía com piadas, pilhérias e brincadeiras exageradas. Até que em certo momento, já namorando, ela o olha e diz: "o que você oculta...qual sua grande dor"? Agora, em 2010, também vi um bom filme com a Jennifer Aniston, que namora um grande escrito best-seller, que ensina pessoas a ultrapassarem seus limites, auto-ajuda, mas ele mesmo,tem a vida destroçada, se sente culpado, por ter causado um acidente que matou sua esposa, ele escreve algo que não pratica, mas esta namorada o faz reencontrar-se consigo mesmo, e se reaproximar do sogro.


A partir daí, comecei a observar (por isso adoro filmes 'drama', sempre nos ensinam algo) esta coisa nas pessoas. Observei que muita gente que brinda, fala alto e toma todas num barzinho, às vezes chega deprimido e triste em casa (mal ambiente na família, casamento inadequado, etc, etc...), é uma "alegria aparente", digamos assim. E muitas vezes (e aí, eu me reconheço) AQUELE QUE ESTÁ CALADO, DISCRETO, ESTÁ COM UMA ALEGRIA MAIOR DO QUE SEU AMIGO QUE ESTÁ ESTRAVAZANDO-A, FALANDO DE ALGO ENGRAÇADO.

Pois bem, no meu curso há um rapaz muito engraçado, maranhense, sotaque carregado, e sempre interrompe as aulas com perguntas variadas e pitorescas, sempre sacando um comentário final "Arre, égua, é mesmo, professor?" - embora alguns colegas se aborreçam, confesso que gosto, pois seja sua aula, seu labor, sua família, é sempre bom ter alguém mais bem humorado, a coisa fica bem mais tranquila. Eu lembro quando estava na faculdade, do "Chimbinha" um estudante dançarino, que tinha um humor, nato, e muitas vezes, chegando cansado, enfadado, as piadas dele me traziam novo ânimo a acompanhar aulas enfadonhas de auditoria, processo civil e coisas do tipo.

Bom, no intervalo do curso, durante o café, comia eu meu pastel, e este rapaz (na verdade, um quase senhor) chegou. Aí perguntei porque sempre chegava ele atrasado na aula, disse uma desculpa lá, não entendi. Quando menos espero, um papo normal, este enxuga as lágrimas,c om certo constrangimento, e me fala que está de licença média desde janeiro (omiti um fato, ele anda com uma bengalinha de apoio), um acidente que sofreu, e não trabalha. Depois disse que estava enjoado de ficar em casa, e que tentou voltar agora em julho, mas estava com DEPRESSÃO (estranho, logo ele com "depressão!), e o médico lhe deu mais 30 dias - foi aí que tirou os óculos e enxugou uma lágrima seca - eu que já me senti abatido, deprimido, corpo pesado ao levantar, entendi ali o que é uma depressão - você está c onversando e do nada, chora. Ficou em mim a curiosidade, se esta depressão era por falta de um amor, algém especial, até mesmo uma amizade feminina para sair, ou se era do acidente, oude ambos. Minha memória remontou àquele filme, da década de 90, e concluí que ALGUÉM, QUE MESMO NA SUA DOR, AINDA TENTA ALEGRAR O AMBIENTE, LEVAR UMA BOA ENERGIA AOS COLEGAS, MERECE TODO NOSSO APOIO E RESPEITO. É como aquela cigarra que na fábula da cigarra e da formiga, cantarolava, enquanto as formigas trabalhavam incansavelmente, porém embaladas pela alegria e beleza do canto da cigarra.. me recordei dos meus 12, 13 anos, quando pegava o ônibus e envaidecido, ia tocando flauta, alegrando a viagem da maioria (afinal, há quem não goste),e lembro do comentário de um passageiro: "Você vai longe, garoto!" (pior que não fui, não deixo de ser um músico frustrado...rs)

FELIZES DAS CIGARRAS, E ABENÇOADAS SEJAM ELAS, QUE TORNAM NOSSA MESA DE BAR MAIS FELIZ, NOSSO TRABALHO MAIS LEVE, E NOSSA AULA, MENOS ENFADONHA!

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