" *NA SUA VELHICE, SÓ O TEU CACHORRO TE LAMBE A BOCA* " (por Vlad Araújo, publicação em 4/8/2011 - www.vladdf.blogspot.com.br)
Uns 12 anos atrás, lembro de uma colega de trabalho, fazendo um trabalho de espanhol, e cujo texto - li por curiosidade - de famoso escrito espanhol, versava sobre a fidelidade do cachorro, na velhice e na doença, "quando todos abandonam o ser" (me refiro ao ser humano em relação aos seus pares, se bem que muitos humanos também abandonam o ser animal, na velhice dele), e o cachorro é um dos poucos bens infungíveis que lhe resta.
Acompanhei a morte de 3 cachorros, um após um, de velhice, lá em casa. Viveram 13 ou 14 anos. Se antes o rabinho era celerepe e ágil, passou a ser um leve balançar.... se a visão atenta enxergava qualquer coisa atirada, ou o sabujo a apanhava com a boca, saltitando no ar, com o tempo, até mesmo um osso atirado caía no próprio focinho do cachorro, que mal enxergava-o, já caducou, como o Homem.
Vi o faro e a disposição abandoná-los... se recebiam a mim ou meus familiares em festa, no portão, com o passar dos anos, ou se arradtavam preguicosos até metade do caminho, ou aguardavam na área, em frente à casa.
Olfato, visão, audição, tato, mobilidade, quiçá, gustação - tudo se definhando no tempo, pois creio que o apetite também diminui.
Fui ali, compreendendo que passaremos por tudo isto, e porque um cachorro morrer idoso mexe muito - sobretudo com mulheres - conosco, pois fez parte de nossa vida, nossa história. Ainda estes dias, ouvi minha mãe falar da morte de seu cão (a qual pranteou alguns anos), e aos seus 62 anos, instintivamente, ela dissera 'ah, eu ainda vou viver muito!!!!", como se quisesse repelir ali, a mão do inexorável destino - pois quando vemos nossos ídolos e animais morrendo de velhice, também começamos a morrer um pouco.
De chofre, para encerrar esta crônica, me veio esta frase, ao ver alguns mendigos com seus melhores amigos: "NA VELHICE, SÓ O SEU CACHORRO LHE LAMBE A BOCA!"
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